O Programa ECIRS, ou simplesmente o Ecirs, depois de um quarto de século de atividade ininterrupta, apesar de alguns períodos de crise - aparentemente normais em qualquer instituição - pode reivindicar para si este título: o de ter sido uma espécie de guardião da cultura construída na região de imigração italiana das antigas colônias da Serra gaúcha e, por extensão, de toda a cultura de imigração italiana no Rio Grande do Sul.
Desde o início é importante esclarecer um conceito: o ECIRS nunca se referiu a uma cultura italiana, ou a uma tradição italiana, na região. Sempre a definiu como uma cultura da imigração italiana, ou seja, uma cultura que foi construída em terras brasileiras, associada ao processo de imigração italiana. Nem se pode dizer que essa cultura é uma construção apenas do imigrante italiano, salvo algumas exceções localizadas. No conjunto, ela resulta de trocas culturais havidas entre a cultura - melhor seria talvez dizer as culturas, tal a diversidade de língua e de hábitos entre os imigrantes que vieram da Itália - trazida pelo imigrante com a cultura que já vinha sendo construída no Sul do Brasil. O esclarecimento desse conceito é necessário para que ninguém veja, por equívoco, qualquer reivindicação de italianidade na atuação do Ecirs.
Outro esclarecimento importante é de que o trabalho do ECIRS nunca teve uma visão passadista, de exaltação do passado e rejeição do presente, ou de forçar o cultivo de tradições - sejam de língua ou de costumes - que foram superadas no tempo. Na visão do Ecirs, toda cultura é um processo em transformação permanente. Estudar a cultura não tem como objetivo petrificá-la, mas compreender o seu fluxo para, em última instância, cada indivíduo saber quem é, qual a sua identidade.