Encontro debate educação, saúde e ciência relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 13/09/2018 | Editado em 13/09/2018

Primeiro Seminário sobre o Autismo na Serra Gaúcha compartilhou conhecimentos e favoreceu rede colaborativa, reunindo profissionais, familiares e interessados.

Marco para o debate sobre o Transtorno do Espectro Autista na região, o primeiro Seminário sobre o Autismo na Serra Gaúcha reuniu no UCS Teatro um grande público de profissionais que atuam no apoio e tratamento de crianças e jovens, bem como de familiares e interessados no tema, na quarta-feira, 12 de setembro. Para aprofundar conhecimentos sobre o autismo, as palestras trataram de educação, saúde e ciência, visando à melhoria terapêutica dos processos de inclusão, à qualidade de vida de quem é acometido e favorecendo a rede colaborativa multi e interdisciplinar voltada às crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Juliano Rodrigues Gimenez, deu as boas-vindas ao público em nome da UCS – a realização é da Universidade em parceria com a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. “Não tenho dúvida de que essas discussões são de extrema relevância para a nossa sociedade”, afirmou, considerando a trajetória da Instituição em colaborar com o desenvolvimento tecnológico, educacional e cultural “que gera um ambiente favorável para discussões e caminhos que levem a soluções e encaminhamentos”. O diretor-executivo da CIC, Gelson Dalberto, exaltou a satisfação da entidade em participar da iniciativa a fim de “conectar profissionais de saúde, educação, assistência social e a comunidade para ampliar o conhecimento sobre o TEA”.

   

Unidos pelo Autismo
A idealização do Seminário foi do casal Raquel e Daniel Ely, criadores do movimento UniTEA – Movimento Unidos pelo Autismo, iniciativa sem fins lucrativos que apoia o diálogo e o suporte a crianças, jovens e adultos com autismo. Pais de uma criança com espectro autista, ambos consideram a realização a concretização de um sonho, um novo passo na caminhada que iniciaram há cerca de seis meses, com o desenvolvimento do movimento e de ações como grupos de estudos. Com a contribuição de diversos atores da sociedade, a trajetória resultará na concretização do Instituto UniTEA, com previsão de início das atividades para daqui a um semestre. A proposta é auxiliar no diálogo entre aqueles que necessitam de apoio e os que podem ajudar, tornando Caxias do Sul um centro de excelência relacionado ao tema. “Nossas crianças são nossa fonte de inspiração”, declararam, convidando aos que desejarem contribuir dedicando seu tempo à causa e também ressaltando a importância de ciência, educação e saúde andarem juntas no apoio ao TEA.

Memória e aprendizagem
O professor do curso de Psicologia da UCS Lucas Fürstenau de Oliveira, doutor em Ciências Biológicas: Neurociências, contribuiu com a discussão com uma abordagem relacionada à memória e aprendizagem de pessoas com TEA, que parte de estudo desenvolvido em sua tese de Doutorado. Definindo memória como um processo pelo qual as informações são codificadas, armazenadas e evocadas, e aprendizagem como a manifestação comportamental desse processo, verbal ou não, lembrou que a educação não consiste apenas na memorização, mas na transformação decorrente. Sua pesquisa em neuroanatomia promoveu a análise de mecanismos relacionados ao estresse e à memória, considerando índices de neurotransmissores e hormônios, como a ocitocina e os glicocorticoides. Os estudos resultaram na hipótese de que, além de questões relacionadas ao aprendizado social, pessoas com TEA têm respostas emocionais de medo e estresse mais intensas, a partir de uma sensibilidade apurada para a aprendizagem de estímulos aversivos, que geram medo, por exemplo. Relacionada à hipótese, a mensagem do pesquisador alertou sobre a importância de se estar atento aos estímulos do ambiente nas intervenções educacionais voltadas a indivíduos com TEA, que podem ser estressores e potencialmente danosos – podendo resultar em memórias aversivas evocadas futuramente e no risco de estresse crônico.

O debate teve continuidade com a participação do professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente e do Departamento de Pediatria da UFRGS, Rudimar dos Santos Riesgo, chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, que falou sobre saúde, e do doutor em Genética e pós-doutor em Neurociência e Células-Tronco Alysson Muotri, professor na Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, San Diego, que abordou a ciência. A interação com as perguntas da plateia teve a mediação da médica especialista em Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e Adolescência, Cristina Conte.

Fotos: Claudia Velho